Mestrado e Doutorado


No Programa de Pós-Graduação em Educação da USP, eu oriento projetos de Mestrado e Doutorado na área de Cultura, Filosofia e História da Educação. Abaixo, apresento brevemente o meu interesse geral de pesquisa e três eixos temáticos com os quais eu trabalho, com indicações de autores e leituras introdutórias (ver também as sessões de meus livros e artigos). Interessados podem entrar em contato comigo pelo e-mail contato@marcosbeccari.com. Informações sobre o processo seletivo estão disponíveis aqui.


INTERESSE GERAL DE PESQUISA


Influenciado principalmente por Nietzsche e Foucault, produzo regularmente livros e artigos nas áreas de arte, educação, filosofia e design. De modo geral, eu tenho investigado sobre como a produção artística e cultural é capaz de engendrar e transformar, de modo complexo, tanto a dimensão simbólica, imaginária e formativa de grupos sociais, de um lado, quanto os processos político-discursivos, de outro, nos quais se imbricam desde as subjetividades situadas até as dinâmicas institucionais e midiáticas. Tal escopo se situa, sem presumir fronteiras claras, no cruzamento entre a cultura, a filosofia e a educação como instâncias que convergem na dimensão estética e poética da formação dos sujeitos, mas que também perpassam processos históricos e as diversas expressões socioculturais.


1. VISUALIDADES & EDUCAÇÃO ESTÉTICA


Este tema diz respeito às culturas visuais concebidas como sistemas simbólicos e práticas sociais, em especial no que tange ao diálogo com as artes, o design e as humanidades em geral. Tal diálogo pode se situar na esfera estética e intersubjetiva do cotidiano, mas também nos processos históricos, na formação dos sujeitos, nas formas de pensamento e de sensibilidade que atravessam e constituem as diversas conformações socioculturais. As artes e o design, mais detidamente, são aqui tomados como expressões culturais passíveis de várias hermenêuticas, mas que me interessam na medida em que conduzem um processo de transcriação do mundo e da vida como obra de arte, no léxico de Nietzsche e Foucault. Projetos neste eixo podem se concentrar na obra de um autor/artista específico ou articular um conjunto de obras em torno de algum contexto situado ou recorte temático, levando-se em conta a conjunção entre diferentes dimensões indissociáveis entre si: técnica, poética, estética, epistemológica, política etc.


2. FILOSOFIA, IMAGINÁRIOS & FICÇÕES


Aqui o meu interesse reside no estudo filosófico das implicações de certas ficções, enquanto sistemas imaginários, discursivos e hermenêuticos, nos processos formativos e educacionais. Compreendendo o imaginário enquanto esfera interpretativa e organizadora das diversas expressões artísticas e culturais, interessa-me investigar como determinadas obras ficcionais (literatura, cinema, videogames etc.) operam uma mediação pela qual o mundo passa a ser compreendido e expresso, sempre em conjunção com o exercício sensível e reflexivo das múltiplas possibilidades de existência. E alinhado à prerrogativa nietzschiana e foucaultiana segundo a qual não há verdades, mas diferentes “efeitos de verdade” a depender dos discursos e das práticas em disputa, este eixo também abre a possibilidade de encararmos as ficções como um espaço de releitura, negociação e apropriação de certas forças imaginárias e discursivas que pleiteiam imagens de mundo.


3. EDUCAÇÃO, POÉTICA & HERMENÊUTICA TRÁGICA


Neste eixo temático, o meu interesse consiste em alguns caminhos possíveis para a reflexão, no campo da Filosofia da Educação, sobre os diversos modos de interpretar e se situar no real, considerando este como, sob o prisma da filosofia trágica, tudo aquilo que se furta à interpretação. Com efeito, por “hermenêutica trágica” eu me refiro a experiências (filosóficas, literárias, artísticas etc.) que não pressuponham um conteúdo específico a ser interpretado, mas que, em vez disso, assumam o compreender como um processo poético-formativo pautado no “ser o que se é”, no axioma de Píndaro. A ideia é investigar maneiras de aprovar um real insignificante, porquanto alheio a todo significado, elegendo expressões que transfiguram uma “vontade de verdade”, na terminologia nietzschiana, em uma “vontade de criação”. Projetos neste eixo devem explorar a ampliação do horizonte educacional com a introdução de novas formulações teóricas que, de alguma maneira, considerem o trágico em uma chave poética e hermenêutica.

  • Autores relacionados: Clément Rosset, Roberto Machado, Jorge Larrosa, Rogério de Almeida
  • Leitura Introdutória: ROSSET, C. Lógica do pior. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989.
  • Artigo ilustrativo: BECCARI, M. N. De Ricoeur à Rosset: sobre a hermenêutica trágica. Trágica: estudos de filosofia da imanência (UFRJ), v. 12, nº 1, p. 106-128, 2019.
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